sábado, 21 de outubro de 2006



VERDADE QUE DÓI
Eu sou especialista em violência doméstica formada pelo Laboratório de Estudo da Criança- LACRI da faculdade de psicologia da USP desde 2002 e quando leio matérias como esta cujo título é O MAPA DA VIOLÊNCIA CONTRA A CRIANÇA da Revista Cláudia edição de outubro de 2006, não consigo acreditar o quanto falta para que um dia este triste fato acabe, ainda há muita luta a ser travada.
A matéria diz respeito a um levantamento coordenado pelo brasileiro Paulo Sérgio Pinheiro cientista político, que visou demensionar as atrocidades que vitima bebês, crianças e adolescentes em todo o planeta.
Este estudo será apresentado este mês à Assembléia Geral da ONU revelando que os agressores são os governos, a sociedade e a família, infelizmente há muito tempo sabemos disso e nada muda as altas estatísticas de agressões.
Vou citar algumas atrocidades cometidas, a matéria tem 4 páginas e vale a pena ser lida, no sentido de nos conscientizarmos do tamanho do problema.
Pois desde da promulgação do Estatuto da Criança e do adolescente ECA em 1990 (Lei 8069 de 13/07/90) segundo o seu artigo 4º
" É dever da família, da comunidade, da sociedade em geral e do Poder Público assegurar, com absoluta prioridade, a efetivação dos direitos referentes à vida, à saúde, à alimentação, à educação, à cultura, à dignidade, ao respeito, à liberdade e à convivência familiar e comunitária" .
Então temos responsabilidade por todas as crianças, uma vez que são pessoas em desenvolvimento e necessitam que um adulto lute por seus direitos.
(segue alguns trechos da matéria)
..."nos Estados Unidos, o baby-shaken - solavancos que as mães dão nos bebês para discipliná-los ou fazê-los dormir, mata um terço dos agredidos ou deixa sequelas neurológicas em outro terço"
A violência mais difícil de detectar é a doméstica, há um pacto do silêncio sobre o que acontece. A sociedade não interfere no que ocorre em quatro paredes, pois muitos métodos punitivos de correção, os castigos físicos são aceitos como corretos.
..."Três quartos dos belgas entrevistados consideram aceitável bater nos filhos, 83% dos portugueses e 90% dos americanos ouvidos surram movidos pelo stress ou até para formar o caráter. Destemperos causam mortes: em 2003, em 23 países industrializados da Europa, o número de vítimas com menos de 15 anos chegou a 3,5 mil, em consequência de espancamentos ou de nigligência dos pais. No Brasil, tramita no Congresso um projeto que estabelece o direito de a criança não ser submetida a punições corporais, mesmo moderadas, como um simples tapinha. A Lei será bem vinda, já que o Lacri registrou um aumento de 1100% nas agressões no país entre 1996 e 2004".
..." Recém-nascidos com deficiência física viram um fardo na Africa Central e Ocidental. Nesses casos, a família reduz os cuidados e o bebê morre para alivio geral"
Olha o tamanho da atrocidade, as vezes a gente pensa que nos dias atuais isso não aconteça mais e estamos completamente enganados.
..." Em Benin, basta nascer prematuro ou desenvolver o primeiro dente na arcada superior para ser visto como bruxo. Antes que "ameace" a família com supostas magias, o bebê será eliminados na presença dos pais, que pagam ao executor".
..." A India não controla disputas baseadas no hierarquia de castas (sistema utilizado para classificiar economicamente um grupo de pessoas como : pobres, ricos, classe média) meninos do grupo Dalit, considerado ralé, são exibidos nus e apanham de gente das altas castas. A políca nem registra a queixa deles".
... " Em tese a escravidão é proíbida nas sociedades ditas civilizadas. Só em tese. Há crianças em regime de cativeiro na agricultura, indústria e até no entretenimento. Emirados Árabes, Arábia Saúdita e Kuwait usam meninos de 3 a 6 anos como joqueis em corridas de camelos, eventos em que os xeques apostam fortunas. Os garotos vendidos pelos pais, ficam confinados em fazendas e passam fome, já que, quanto mais leve o joquei, mais o camelo corre. Se tentam roubar a ração do animal, toma eletrochoques. Na pista, recebem mordidas e gritam. Ao ouvi-los os camelos disparam e anima a platéia".
Dá vontade de chorar só de imaginar uma cena dessa, imagina assistir a algo tão monstruoso. Eu já trabalhei em uma delegacia de polícia e atendi uma menininha de 3 anos vitima de violência sexual perpretada pelo pai, na época quase morri de tanta raiva desse animal que ficou, acreditam, impune! Por culpa do delegado da época, do legista, enfim foi uma série de erros que deixaram o cara espacar. Eu me revolto cada vez que vejo que as pessoas olham só para o umbigo delas e não enxergam que a redor está acontecendo tudo isso e não precisamos ir tão longe, no nosso bairro, no nosso prédio pode ter uma criança ou um adolescente sendo vítima de algum tipo de violência (negligência, física, sexual e psicológica) não vamos ser coniventes com este tipo de atitude.
As crianças são extremamente indefesas na relação com os adultos, são exploradas, negligenciadas e expostas a tanta violência.
Eu serei eternamente defensora de seus direitos, isso tem que acabar um dia e acredito que poderemos mudar essas estatisticas com novas formas de educação, com políticas públicas eficazes, com profissionais competentes em Conselhos Tutelares, Delegacias, na rede de Proteção (ONGs organizações não governamentais) e se principalmente cidadãos comuns denunciarem aos órgãos responsáveis os casos de violência. Quebrem o silêncio que domina dentro do que chamam de sagrada família, a violência não escolhe classe social ela está em todo o lugar. Aliás de tão exposta que a vida da classe baixa é, ainda conseguimos fazer alguma coisa o pior esta nas classes médias e altas que se protegem em quatro paredes e abusam do poder maltratando nossas crianças.
Se você souber de algum caso, perceber que em algum momento uma criança está sendo lesada em seu direito denuncie ao Conselho Tutelar mais próximo, todo denuncia pode ser anônima.

Por Mamãe Fabiana às 12:50 | | 0 Aqui também pode!

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