quarta-feira, 1 de novembro de 2006
Instabilidade Emocional
Isso pega?
Esta semana li no blog da Chrys um questionamento sobre educação e fiquei pensando no assunto. Eu acredito e vivo diariamente a prova que educação vem de berço. Percebo nas famílias que atendo a repetição do ciclo de pobreza e exclusão.
Por isso tentamos a todo momento ser um modelo para nossa filha, ser coerente com o meu discurso e com a minha prática. Esta tem sido nossa constante busca, as vezes me pego dizendo para a Melissa comer verdura e com o meu prato ao lado dela sem nenhuma, ou digo a ela para não bater em ninguém e me vejo brincando com o pai dela, dando-lhes um tapinha.
Eu acredito que por mais simples que sejam as atitudes, elas devem ser coerentes. Uma postura que temos em casa e por várias vezes tenho conversado com a babá da Melissa para que mude a atitude dela é não mentir para a Melissa. Eu não consigo imaginar e isso é desde que a Melissa nasceu mentir para ela, coisas do tipo quando ela está chorando falar para ela ficar quietinha que o papai vai chegar, sabendo que ele virá só daqui umas duas horas! Dizer que vamos ver o cachorro na janela sabendo que não tem cachorro nenhum.
Sempre falamos a verdade em qualquer situação e eu acho que isso tem trazido bons resultados. Ela consegue acreditar no que dizemos, por exemplo quando dizemos que ela deve esperar porque não podemos fazer o que ela quer naquele momento, ela sabe e confia que assim que pudermos atenderemos o seu pedido. E quando não iremos dar alguma coisa ela pode ficar fazendo birra o quanto quiser, que não mudaremos de postura.
Outra coisa que fazemos diferente da maioria dos adultos que conheço. E minha mãe fazia muito isso com a minha sobrinha Sarah e eu era contra. É bater nos objetos que machucam o bebê. Explicando melhor, eu vejo um monte de adulto que quando uma criança cai vai lá no chão, ou no sofá e fala dando um tapinha ou vários tapinhas "Chão feio, machucou o ..... nome do bebê".
Eu acredito que a criança vai seguir este modelo para tudo, como ela vai conseguir ter dicernimento para diferenciar, o chão do coleguinha dela, se ela aprendeu que quando alguém ou alguma coisa a machuca, ele apanha para ser corrigido.
Eu e o Ricardo e ensinamos isso para a Fátima que quando a Melissa cair, tropeçar ou ralar em algum lugar nós nos abaixamos e conversamos com o chão desta forma "Chãozinho a Melissinha é pequenininha você não pode derrubar ela (fazendo sinal com a mão) porque faz dodói, tá bom? E perguntamos para a Melissa : "Você desculpa o chãozinho? Ela balança a cabeça que sim e concluimos "Então manda um beijinho para ele". E assim conversamos com chão, com sofá, com cadeira, até com nosso joelho porque ela tem sido exigente.
Depois que começamos a fazer isso, passado um tempo. Ficamos encantados e comprovamos, que a criança segue exatamente o exemplo que damos à ela e por isso sou muito exigente com relação ao nosso comportamento. Agora ela mesma faz que não pode, quando cai. Ela para e começa a "conversar"com o chão e fala "não, não" impondo o dedinho, perguntamos então você o desculpa e ela logo manda beijinho, as vezes nem fazemos a pergunta e ela já manda o beijinho.
Mas escrevi tudo isso agora e na verdade queria falar sobre outra coisa, que tem mais a ver com o título do post.
A escolinha da Melissa está passando por uma crise financeira desde janeiro e ontem a coisa estourou, seis professoras sairam do trabalho ao mesmo tempo. Conclusão, a escola está praticamente um caos. A nossa postura é de que devemos pensar no próximo e avaliar mesmo se não é apenas uma crise, esperar um pouco mais, dando crédito que elas irão conseguir superar este momento.
Ontem eu ouvi a versão das diretoras, onde disseram que estavam atrasadas com o salário um mês mais que conseguiram um sócio que vai injetar dinheiro na escolinha e as coisas irão melhorar. Hoje encontrei com uma das professoras da Melissa e ela disse que foi humilhada por elas, que estavam sendo pressionadas e que o clima de tensão na escolinha está demais.
Depois disso fiquei pensando se esta instabilidade emocional , não está alterando o comportamento da Melissa. Estes dias tenho ficado surpresa com tanta birra, com tantos gritos, e tanta agressividade, ela tem nos dado tapas no rosto por qualquer coisa, principalmente quando é contrariada. Isso tem me deixado, além de preocupada, irritada né!
Sem entender nada, pois ela que sempre teve um comportamento tão tranquilo está muito mudada. Fiquei pensando se é a situação na escolinha ou se é mesmo da idade, pois tenho lido o mesmo relato de outras mães, com bebês na mesma idade.
Então fiquei divida, pois acredito que devemos estar do lado das pessoas. Fico me colocando no lugar das diretoras da escolinha, vê-las chorar de desespero pensando que podem fechar e também nas dívidas que elas tem, pois se quando estamos passando por dificuldade financeira em casa já é difícil, imagina uma empresa. Mas por outro lado eu tenho o dever de proteger a minha pequena, ela está e sempre estará em primeiro lugar. Não quero ser afoita e ir tirando a Melissa de lá, mas vou ficar observando seu comportamento e decidir o que for melhor para ela.
Por Mamãe Fabiana às 13:51 | |
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