Nossa menina - Melissa

Um novo ano começou, renova-se a esperança, as energias, simpatias, promessas, planos, regimes, projetos. Tudo isso é comentado, realizado, comemorado, iniciado. Depois das festas, dos brindes, de orações, chega o outro dia e tudo recomeça. Para uns, será um ano repleto de realizações, para outros a repetição do anterior e ainda haverá pessoas que preferirão esquecer o que passarão. Enfim, temos diante de nós um desconhecido e ao mesmo tempo que isso me impulsiona, também me dá medo. O amanhã sempre me deu medo, talvez porque não posso dominá-lo, não posso decidir por ele, ficar a mercê do que virá, me deixa angustiada. ( autoritarismo que tento me desfazer, mas tá tão empregnado em mim). Fico assim, até o meio do ano, depois já começo a pensar que o ano já está na metade, que logo chegará o final do ano e começaremos de novo. Estou um pouco triste, deixei minha pequena, mais uma semana com a minha mãe e vou pegá-la no sábado. Foi tão bom passar o final de semana com ela, achei que ela cresceu, engordou, está mais falante, com palavrinhas novas. Estava grudada em mim, com certeza com saudades! Hoje está chovendo, está um dia triste, cinza! Não tenho absolutamente nada para fazer no trabalho, minha colega está de férias, já estou enjoada da internet e também meus pulsos estão doendo, provavelmente uma tentinite chegando. Estou sem idéias para um projeto novo e com um problema para resolver de projetos já iniciados, porém não depende só de mim. Amanhã ficarei sozinha, pois o Ricardo irá passar o dia em uma chacará, em outra cidade, em confraternização com outros gerentes, talvez volte para casa, só no outro dia. Por inumeras vezes desejei um tempo só para mim e agora não sei o que fazer com ele. Eu e o Ricardo temos discutido demais, não conseguimos nos entender, quando tudo está bem, de repente, eu tenho um ataque de nervos, não consigo me controlar, falo o que quero, ofendo, maltrado, sem medir consequências e pronto a caca está feita. Brigamos antes do Natal, brigamos ontem e sempre pelo mesmo motivo: cuidados com a Melissa. Eu por mais que tente me controlar, quando estou ocupada e a Melissa fica chorando, querendo meu colo e ele esta sem fazer nada e não a pega ou se pega fica do meu lado e ela continua chorando, é o fim. O pior é que acabamos brigando na frente dela. Eu já disse que vou tentar melhorar, mas sou muito geniosa, explosiva e até agressiva. Meu Deus tudo o que eu peço é mais paciência, tolerância, calma e resignação. Se eu não me controlar, este casamento não vai durar, o pior é que nos amamos, nos damos bem, todo mundo que nos vê juntos e nos conhece, nem acredita que brigamos assim. As brigas não passam daquela hora, porém conforme a Melissa cresce e dá mais trabalho em alguns aspectos, as brigas também tem crescido. Ele diz que o problema é que quero mudar a cultura masculina e ele não consegue ser diferente, foi criado para ser desta forma e eu não admito. Enfim, preciso tomar uma atitude, quem sabe o Yoga me acalmaria. Segundo a teoria sistemica, as famílias passam por ciclos e por crises, a primeira acontece quando os filhos são pequenos, depois quando os filhos são adolescentes há o conflito entre os pais e os filhos, depois quando os filhos saem de casa, mais uma vez o casal passa por uma crise, até se acertarem ou não. Meus Deus estamos na primeira e já é tão difícil, mas amo minha família e com certeza, tudo isso irá melhorar, vontade de acertar é o que não falta.

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